Metodologia
Uma visão geral
Este capítulo descreve sucintamente como é efetivado o processo de análise estrutural dos corpora (de controle e MPB) selecionados. Basicamente, a análise se divide em três fases, nomeadas como se segue:
- Humana – operada por um analista, que toma as decisões em relação às diferentes classificações dos eventos musicais em análise. São quatro os eixos musicais básicos considerados: estrutura de alturas, estrutura rítmica, estrutura de notas-funções e estrutura harmônica (que, por sua vez, levam em conta diversos aspectos associados). O analista é responsável pela transcrição dos dados para os respectivos suportes de análise;
- Computacional – efetivada por uma série de algoritmos e programas especialmente elaborados, que formam o complexo computacional de análise. A operação da fase consiste basicamente em, a cada peça analisada, abrir o respectivo suporte (formatado de acordo com as convenções adotadas), realizar o processamento de seu conteúdo e atualizar as matrizes de dados. A tarefa é aplicada por quatro vezes (correspondendo aos quatro eixos estruturais considerados), a cada rodada de análise;
- Estatística – efetivada também computacionalmente por programas especificamente criados, tem como entrada as matrizes de dados que acumularam as informações processadas ao longo das análises individuais. Essa fase é acionada apenas após a análise da última peça de um determinado corpus.
A Figura 1 apresenta uma visão geral do sistema de análise dos corpora, considerando suas três fases.
Um detalhamento da fase humana (1) é apresentado na Figura 2.
Os quatro suportes analíticos adotados são:
MIDI segmentado – partitura da melodia da peça, transcrita como arquivo XML em versão concisa (ou seja, omitindo-se repetições, introduções e interlúdios instrumentais), tendo sido aplicados os sinais de segmentação formais, de acordo com o Modelo de Filtragem Melódica (ver “Modelos teóricos”). A Figura 3 apresenta um exemplo do um trecho melódico segmentado pelo analista.
Vetor R – arquivo em formato CSV no qual as configurações rítmicas da peça analisada são transcritas como sequências de r-letras separadas por sinais de segmentação, de acordo com o Modelo de Filtragem Melódica. O vetor R se apresenta como uma matriz de dimensões 1 \(\times\) n, onde n é o número de r-letras (e sinais de segmentação) encontrados na peça (Figura 4).
Matriz NF – arquivo em formato XLS no qual as funções desempenhadas pelas notas da melodia em relação ao contexto harmônico no qual está inserida (como inflexões ou notas-estruturais) são identificadas pelo analista. O arquivo se apresenta como uma matriz de dimensões 5 \(\times\) n, onde n é o número de notas-funções encontradas na peça (Figura 5). Cada linha da matriz NF corresponde a um dos cinco níveis considerados: (A) graus escalares (nível do contexto global); (B) componentes triádicos (fundamental, terça e quinta); (C) componentes tetrádicos (sexta e sétima); (D) tensões simples (nona maior, décima primeira justa, décima terceira maior e décima quarta maior); (E) tensões alteradas (nona menor, nona aumentada, décima primeira aumentada e décima terceira menor).
Matriz H – arquivo em formato XLS no qual diversos aspectos da estrutura harmônica de uma peça são coletadas e codificadas pelo analista. A matriz H é configurada como uma matriz com 8 linhas e n colunas (onde n é o número de acordes que a peça em análise contém). Assim, para cada acorde da peça, são registrados (Figura 6): fundamental (na linha a); baixo (linha b); tipo acordal (linhas c e d); função (linha e); contexto tonal (linhas f e g; localização métrica (linha h).
Os dados formatados nos quatro suportes analíticos são então inseridos no complexo computacional, formado pelos respectivos algoritmos de análise, que desempenha a fase 2 do processo (Figura 7). Além da computação dos dados específicos da peça analisada, o complexo é também responsável pela atualização das matrizes de dados, que armazenam as informações estruturais acumuladas referentes ao corpus em questão.